quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Gil e Caetano: nossos Lennon-McCartney


declaradamente influenciados pelos Beatles. A chamada busca pelo "Som Universal", professada por Caê, era algo entre Luiz Gonzaga e os garotos de Liverpool. Mas não há dúvida de duas coisas: a primeira é que comparações geralmente são bobagens que não dão em nada; a segunda é que se tivéssemos que apontar algo semelhante no Brasil a uma dupla Lennon-McCartney, essa dupla seria Gil-Caetano.

Há inclusive alguma semelhança no papel que a dupla exercia entre si. Assim como os britânicos tinham um que era mais harmonia (Macca) e outro mais letra (Lennon); no Brasil o harmonista era Gil e o letrista Caetano.

Aliás, Gil é talvez o cantor mais completo que já cantou neste país. Instrumentista nato, estudou música, formou-se em acordeon influenciado pelas músicas de Gonzagão e até ensinou Caetano a tocar violão. É detentor de um amplo conhecimento em produção musical e arranjos de canções, ficando pouco (muito pouco) abaixo de um Caetano ou um Chico quando o assunto é letra.

Uma falha nesta comparação sem dúvida consiste dois pontos. O primeiro é que Caetano e Gil não trabalharam tão juntos como letrista e arranjador quanto Lennon e McCartney; o outro ponto é que os brazucas permaneceram (e permanececem) bem mais unidos que os comparativos britânicos. Na falta de uma banda, vale lembrar que foi Gil quem concebeu Os Mutantes que, antes dele, era uma bandinha que tocava covers de baladas americanas.

Na revista Veja de 8 de março de 1967, Gil diz o seguinte: “É como se fossemos dois pólos opostos de uma mesma carga elétrica. E a mensagem de Caetano está em um nível mais ligado ao consumo que a minha (...) Eu uso a música e letra como um dado musical. Caetano usa esses elementos como um dado poético”(pp.62-63). Essa "divisão de trabalhos" lembra alguma coisa em termos de dupla musical?

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