terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O grupo Black eyed peas e o clipe The E.N.D (Energy Never Dies)


Um clipe musical pode ser entendido e encarado quase como um filme cinematográfico. Ainda que o clipe possa possuir elementos externos à letra da canção, aqueles que irão produzir visualmente a música terão a preopação para com a realização da obra tal qual um cineasta tem com sua obra cinematográfica. Nada é aleatório, nenhum sentido pode ser desperdiçado. É a síntese da obra, o que irá ser consumido como canção, letra e acima de tudo imagem. Em poucos minutos, um minifilme deve se desenrolar dentro de regras próprias do clipe sem abandonar algumas questões do cinema e da publicidade.
Foi nesta linha que o grupo norte-americano Black Eyed Peas fez o clipe de sua canção The End, reforçada a todo momento pelo refrão BOOM BOOM POW, que mais do que o rítimo do Miami-Bass, também conhecido como Funk. O próprio refrão, que em situações normais de um grupo que abusa de formações eletrônicas poderia muito bem reforçar musicalmente a canção, antes fala de guerras, caos, explosões e apocalipse. A música, aliás, é apontada como forma de resistência a essa destruição em massa.
A vinheta começa entre a escolha da árvore que vira bomba atômica, ou melhor afirmando, é do mesmo formato que o cogumelo que surge após a explosão de uma bomba atômica. Além da presença dos negros que compõem o grupo, há ainda a participação de um índio, cultura que simboliza nada menos que uma parte da espécie humana dizimada pela cultura euro-americana. Metralhadoras, granhadas, toners radioativos, pessoas indefinidas pela tecnologia, tudo isso são sintomas dos finais dos tempos, mediados pela tecnologia da qual a música em si tanto usufrui. É como se fosse o fim da raça humana e a predominância definitiva de uma nova raça tecnológica, ou, tlvez, dos sobreviventes deste colapso atômico.
Uma granada vira um microfone, um lixo radioativo vira um tambor, uma metralhadora vira uma corneta. A música como arma fazendo frente à destruição em massa. Enfim, a própria alusão da árvore como bomba atômica mostra que não há aleatoriedade na produção do clip. Há sim um acúmulo de tecnologia que pode ocasionar em um holocausto da humanidade em si.
Há ainda a idéia passada ao longo do clipe de pessoas atingidas por radiações. Ao longo do clipe, com muita iluminação ocasionada por computadores e pedais modificando eletronicamente as vozes dos cantores, a imagem ainda por cima está falhando, sendo este efeito demonstrado principalmente pelos “legs” que a imagem demonstra, tal qual quando temos em nossos computadores uma imagem pesada demais para a memória de um determinado modelo.
Uma mulher fatal, de movimentos lentos e unhas enormes canta uma parte da canção que chega a ser diabólica. A representação da morte? Provavelmente. A indústria, a tecnologia e as armas de destruição em massa deixariam ao menos qlguém feliz e cantante.
Finalmente, o final do clipe com o nome da música The E.N.D. Embora esteja explicitanto o nome da canção, podemos também analisar o final de tudo, o cataclisma final, o apocalipse. E ao longo da demonstração de todas essas imagens, os sons de boom boom pow ou a marcante batida eletrônica que nos remete a essas hipérboles mesmo quando elas não são faladas.